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Mostrando postagens de maio, 2011

morro

q cidade! sem o encanto de são francisco, mas com suas ladeiras (lombas?). sem a cultura, mas com o aculturamento. cláudio moreno foi feliz em escrever q nosso medo maior é a predominância dos sobrinhos do tio sam em nossos hábitos. mas sequer conhecemos macunaíma! nem reconhecemos capitu e pedro malasarte! fazer o q? "tá na hora de dormir." não espero mamãe mandar - como sempre. "um bom sono pra v, um alegre despertar."

outsider

depois das 23h, tudo muda. os sons são outros, a vida se expressa de outra maneira. falar de ariel e caliban é incorrer em um erro temporal, já q o mundo não se contradiz. o torpor é grande, como é amplo o ícone das possibildades - apenas tecle. já não estou aqui, embora meu corpo permaneça nesta cadeira. te vejo em outras instâncias, embora tu me veja nas mesmas . não é repetir, é aflorar! é deixar q a corrente sanguínea bombeie para o coração tudo aquilo de bom q estava presente no ambiente. fique bem, meu amor. tudo é perspectiva - afinal, eu vejo daqui, tu vê dali. e, assim, quem vem de trás não sabe o q pensa o q vem da frente e viceversa. e tudo continua, com sombras e dúvidas. e, por ora, meu amor está em outra, e eu estou aqui. e, se não soar tão arcádico, eu diria q este amor é impossível. e pensar em ariel e caliban é contrapor a modorra dos dias casuais. (sendo assim, prefiro afastar-me.)

carta de um náufrago do asfalto

pois é. há coisas q realmente fogem da compreensão imediata. isto pq, parece-me, criamos certas barreiras para justificar nosso entendimento das coisas q estão por aí, soltas no fluido universal, é verdade. acostumamo-nos a ver a vida de determinada forma e isso 'gruda' em nossas mentes q a mudança implica em abstinência total de hábitos. pq temos a mania de nos comprometer em fazer uma ligação a tal horário e deixamos a pessoa à espera, angustiada para saber notícias? pq afirmamos um amor incomparável e, de repente, alegamos q surgiu um compromisso inadiável em função dos anos de contenção? pq deixar à deriva o navio q nos conduziria a um paraíso idílico, longe das complicações q nos atacham ao chão, como os panos de calafetagem dos porões? sei lá, ceilão... coisas mínimas, como lembra o mexicano hiriart. "os simulacros [...] consistem em supor - o famoso 'e se ...' das crianças - e na arte de supor reside muito dessa faculdade misteriosa que chamamos d

sexta sem sesta

acordes mentais detonam o pedal da guitarra de scandurra e nasi ecoa entre meus neurônios: "eu morreria por você / na guerra ou na paz / eu morreria por você / sem saber como sou capaz, como sou capaz..." assim caminho, como sempre caminhou a humanidade. por corredores vazios e por ruas abarrotadas de sonhos e intenções, desejos e frustrações. gostaria de um dia ao teu lado do q mil anos sem sentido, mas as escolhas têm seu preço. então, faço uma imersão na rede neural da sociedade e atalho minha sobriedade com palavras q não devem fazer muito sentido para quem está do outro lado. a ideia é q alguém descubra uma pérola no lodo e perceba q aqui dentro também bate um coração... aguardo em uma sala deserta por amantes da poesia. esta "emoção congelada", como diz trevisan, q ainda não despertou da criogenia cultural, digo eu. mesmo q o poeta sirva a língua, ele parece não servir - como diz o parceiro leminski: poesia é inutensílio. não serve para nada! a não

para ti

às vezes gosto da brisa. outras, da ventania. às vezes, prefiro a solidão. outras, a companhia. às vezes, anseio teu beijo, outras, acomodo meu desejo. às vezes fico inquieto, outras, me aquieto. às vezes percorro a cidade, outras, acolho a ansiedade. às vezes, suspiro. outras, só respiro. às vezes penso na vida. outras, lambo as feridas. às vezes, escrevo. outras, transcrevo. às vezes, crio. outras, transpiro. às vezes só o amor me consola. outras, prefiro só um jogo de bola. às vezes, me sinto cansado. outras, me vejo um relaxado. às vezes, deixo a barba crescer. outras, penso apenas em ser. às vezes, sonho. outras, o sonho se torna medonho. às vezes, ando no ritmo. outras, sinto a arritmia invadir meu peito me deixar sem jeito só por estar ao teu lado. às vezes, é tudo. outras, é só um bocado. e assim, caminho em direção ao fim. intenso - penso - denso... propenso ao desvario, sim.

folhas amarelas

é possível que as mesmas coisas tenham acontecido em outras circunstâncias. sim, são as mesmas coisas ainda, ainda que os tempos sejam outros. isso nos remete à questão da circularidade, do eterno retorno, do yin e do yang, do movimento natural que é a propriedade das pessoas e das coisas. mas como fica a nossa noção de que o presente não existe? se o futuro é algo que etá por vir e o passado deixou de existir (numa linha imaginária), o que temos para lidar, para manusear, além da sensação de fragilidade que nos acomete diante de um revés? com certeza não são mais os cubos pedagógicos no chão acarpetado de uma maternal. o consumo de crack e a guerra em kosovo não nos chocam mais? dirá alguém que temos problemas maiores a resolver ao nosso redor. mas se o mundo é (está) globalizado, ninguém deveria ficar indiferente ao drama de meio milhão de albaneses à deriva, entregues à dor. caso contrário, a indiferença tomou proporções assustadoras, corpos e mentes anestesiados nesta aldeia global

e?

estou à deriva no oceano das possibilidades afetivas, afeito aos poetas simbolistas q imprimiram marcas indeléveis em minh'alma. estou atento aos passos miúdos do Angorá q me espreita com seus olhos faiscantes, e sorrateiro. estou implicado com a subjetividade das pessoas q me cercam, egoístas, enredadas q estão com suas assertivas, tanto q não percebem a subliminaridade de seus gestos, fakes/simulacros em um cenário surreal onde os personagens se entendem sem saber o q sentem. estou na leveza do ser, insustentável talvez, mas q, na instabilidade, permite observar o mundo por outro viés, precário como as emoções e imprevisível como deve ser. estou, e basta, integral e minimamente íntegro; meu coração ainda está exposto, meu espírito flana livremente pelas esquinas da cidade - por mais q me batam, basta saber de ti para sorrir.

o q é o amor...

vim te ver e não te vi o pior disso tudo é q tu também não me viu. a césar o q é de césar! vim a pé apesar do tempo q sempre é curto e às vezes chove. mas venho sempre e nem sempre tu está. não se vou a compostela ou a calcutá. sei lá, ana rech ou marrakesch. só sei q venho sei q vou se não te vejo estremeço no q sou. mas, te amo.

de novo

na esquina me esquivo da diretiva sou libertário, homens e mulheres merecem algo mais do q um formulário onde identifiquem seus desejos e sonhos e se tornem só um alguém à contabilização capital para a sociedade q se indispõe ao natural. ser só um número não justifica a agrura de ter saído do útero

fumaça

no início do novo século - q já anda em passos incertos - acometeu-me um novo hábito. além da poesia, da contemplação e da admiração pelas mulheres - sempre lindas, surpreendentes e supremas - me vi às voltas com a nicotina. estava eu, certa, envolvido com dois charutófilos, a produzir matéria sobre o assunto: charutos e o q isso proporciona: prazer, conversas fraternais, um bom vinho e o redimensionamento da existência humana. enfim, coisa q a vida oferece como possibilidades. lembrei-me disso ao rever 'obrigado por fumar', justamente em tempos higienizados; fica estabelecido q não é apologia de minha parte, apenas constatação, como sempre enfatizo. saí do apartamento do entrevistado, área nobre na nobre cidade, tradicional, e fui para casa - na época, dividia meu espaço com uma mulher maravilhosa. ao chegar, por volta das 23h (sabe-se lá!), surpreendia com três exemplares de charutos: dois itlaianos e um cubano; ela era fumante, eu não; propus um vinho, uma música (crei

a cidade

uma cidade não é do que uma cidade. são todas e pode-se com com renato gomes cordeiro: uma cidade, todas as cidades. uma cidade se transforma com o passar dos anos. a pintura dos prédios se desgasta, o asfalto cede e é refeito, a grama das praças precisa ser aparada com frequência para que não se transforme em mato, o trânsito tem que ser reordenado para não viar um caos, as regras de edificação devem ser revistas para que o céu não despareça de vez de nossas vistas. *** tenho comigo uma imagem, que insiste em permanecer diante do meu olhar. se a cidade é uma selva de pedra, a praça é a sua clareira. além dela, só as coberturas dos prédios mais altos, os descampados periféricos e os estacionamentos de shopping centers e supermercados proporcionam a dimensão do imenso vazio azul que reveste nossa grávida existência. *** muitas pessoas passam suas vidas sem sair de uma mesma cidade. ali encontram à disposição os itens necessários para satisfazer desejos, aliviar angústias, realizar s

ela

ela não é estranha em meus pensamentos invade-me conturba meus sentimentos e evade-se tem um jeito q me desajeita e encontro minha cama desfeita ao amanhecer e nada dela aparecer sonho? delírio? embriaguez? talvez um talvez tudo ao mesmo tempo em q a sinto roçar meu braço ao passar ao meu lado em sua indecente inocência em sua perfeita cadência do humano enlouquecimento

a q vim

nasci sem saber a q vim. vim. só me dei conta quando as costas começaram a doer  e os olhos já não percebiam as minúcias das filigranas. aí, sorri, e não parei mais. percebi q é bom demais viver e só daí advém a paz pois antes disso só me perguntava pq raio estava eu aqui! hoje dialogo com meus pares como fazia com meus fantasmas e nos meus andares desconsidero os miasmas de pessoas de cara feia q só queriam me enquadrar em uma janela baça, com jato de areia, e nenhum luar.

na esquina

pode ser bom pode ser ruim pode ser assim pode ser q não tem gente q só passa tem quem conte suas desgraças tem aqueles q riem e aqueles q não não tão nem aí na esquina poucos se esquivam o trânsito conflui e é assim pode ser bom pode ser ruim mas é assim q tudo funciona
chuva miúda me faz pensar em apenas curtir a vida. sei lá, deitar no sofá da sala ouvindo, como agora, bebeto alves, vitor ramil, billie holliday e companhia. me faz pensar em ti, deitadinha ao meu lado, corpo a corpo, quentinha e cheirosa. mas também me faz pensar q as pessoas querem ainda mais sem saber o q, exatamente, quando tudo o q têm já contém o q é necessário. conversando com um livreiro constatamos: a permanência humana é uma praga. todos querem, principalmente jornalistas e cronistas, permanecer. escrevemos em blogs e depois passamos para o papel o q já foi dito. cervantes, acreditem, já alertava contra a pirataria praticada por avellar. propriedade = síndrome capitalista. e renegamos. e daí nos negamos. então deixemos de hipocrisia e nos assumamos. são poucos os humanistas, muito os puritanistas, querendo q todos sigam a cartilha católico-protestante q nos infunde culpas e coalizões com morais reprimidas e sem sentido. chuva miúda me faz pensar em apenas curti

ambiente2

uma ocasião, faz tempo (!!!), ia para são leopoldo, onde cursava minhas primeiras disciplinas de jornalismo na unisinos. ia de carona, com alunos de arquitetura e urbanismo. certo fim de tarde, um deles disse q o parque dos macaquinhos tinha q ser totalmente asfaltado. gelei e calei-me! depois dessa, nunca mais fui de carona. preferi dormir no ônibus, com meu walkman despejando lou reed em meus ouvidos. a velha história: diz-me com quem andas, q te direi q estás mal acompanhado... tava fora. e continuo.

ambiente

é séria a situação em caxias do sul. carros demais, sem condições de mobilidade. mais erros q acertos em meio à profusão de veículos q saem das fábricas q, instigadas pela memória industrial da cidade, despejam 'milhões' de automóveis nas concessionárias. e a outra memória, a do ter, q permeia o crescimento de adolescentes ávidos por circularem sobre quatro rodas, com sonzeira e nada na cabeça, complica a situação. uma ocasião, um aluno dizia q só esperava terminar o ensino médio para ganhar o carro de presente do papai. papai, este, q viveu os anos de concepção de uma nova sociedade, mais humana e solidária. aí, recaímos no conceito de 'automóvelcracia', de eduardo galeano. aí, recaímos na situação ainda mais crítica, a de allan weismann, q diz q o mundo seria melhor sem nós. puxa vida! e como aqueles q não existiriam sentiriam o prazer e dor da paixão? e como aqueles q não existiriam poderiam apreciar um copo de vinho com os amigos? e como aqueles q não exi

q coisa!

lá vem ela. de novo. quando minhas defesas relaxam, ela aparece, sedutora, familiar, carinhosa, amiga. e eu, trouxa (???), me rendo. gosto disso, é verdade. mas também sei o mal q me faz a entrega. fazer o q? sou assim mesmo. nem tanto mais um gauche na vida, mas permanentemente com incidências libertárias no comportamento/pensamento. 'vamu q vamu', diria um personagem. 'leve love/love leve', diria outro. 'desencana q life engana', diria o mesmo. creio q é isso: chegar ao ponto de desencanar, não por ter dinheiro ou posses materiais, mas por ser 'alguém' nesta vidinha burra q levamos. q coisa!

à noite

à noite, penso no dia. penso nos dias em q vivi e nos q projeto q 'inda me restam. perdi as contas dos q passaram e não tenho a mínima ideia do saldo q tenho. por vezes, me sinto pequeno, outras vezes me agiganto. quando me apequeno, tenho insônia; se durmo, sonho terríveis cenas. ações q não fiz, atitudes q não tomei. o gato de pelúcia, q chama-se Angústia, caminha sobre o peito sob as cobertas. pela manhã, a cama está desconfigurada. e o primeiro olhar pelo quarto é um olhar desamparado, órfão de boas lembranças. o dia começa intragável, impalpável; um dia branco vem por aí. o q resta? dou liberdade ao Angústia ou abro a porta para q ele viralateie por aí? geralmente ele sai porta afora e eu me reconforto com as musas introjetadas em minhas veias, corpo esquálido q se alimenta de uma poesia q não se estabelece em palavras, só no plasma universal. dentro desse dia, outros dias se acumulam, brancos ou coloridos, com situações concretizadas ou mal e mal esboçadas.

s/ título

para ser positiva a relação afetiva deve permanecer platônica. amar incondicionalmente um ser, por ser humano, pois nada mais desumano q um revés do amor. há quem diga q a cadência da vida é ritmada pela fadiga do emocional. hoje prefiro olhar estrelas mirá-las admirá-las, e, as musas da eterna poesia, mantê-las sob o manto das carícias indizíveis como se elas se materializassem de todo entregues, e, assim, me integrassem, no percurso de uma existência menos sofrível.

encantos

tudo pode ser encantador, desde q haja permissão do observador para os fenômenos q o cercam. há uma miríade de possibilidades ao nosso redor, porém, a cegueira contemporânea tem impedido a contemplação das pequenas coisas, como, por exemplo, os tapetes amarelos q cobrem as calçadas irregulares da cidade. não descreio da humanidade - só às vezes. quero crer q ainda há possibilidade de um entendimento mais sereno do comportamento do homem, seus defeitos e suas qualidades vistas de um ponto de vista mais reconciliador. não sei se é a influência do sol e do céu limpo sobre minha cabeça, influência do calor e da perspectiva de encontrar alguém em alguma esquina, quase sem querer, q me faz crer dessa maneira. o encantamento se dá pelos sentidos, mas só encontra ressonância se o coração está tranquilo, como se ouve no mantra de walter franco.