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Mostrando postagens de junho, 2011

da série 'leituras na madrugada'

"quando a gente envelhece, os afetos contam mais que os conceitos." segundo montalbano, personagem de andrea camillieri, no livro 'o cheiro da noite'.

fúria!

ao usar o transporte coletivo, sou submetido à preferência efeêmica (às vezes aêmica/anêmica) do condutor. hoje, o azulzinho q me transportou ecoava uma das rádios mais idiotas q já ouvi. e um dos programas mais ridículos q também já ouvi, mas q é O mais ouvido no horário - segundo informações contabilizadoras. daí, um dos protagonistas comentou sobre a frase da bandeira brasileira - para quem não lembra, 'ordem e progresso' - dizendo q só há retrocesso na sociedade nacional. fiquei a me perguntar, enquanto transitava sob os plátanos da montaury e da baréa: e daí? qual a contribuição de tais sujeitos, fazendo piadinhas, às vezes escrotas, discriminadoras, disfarçadas em humor? tô de saco cheio deste tipo de situação. se os políticos dão risadas em relação aos atos q assumem, não é diferente. profissionais se escondem por detrás de personagens 'bem-humorados' para fazer chistes quanto à situação do país, mas o q transmitem nada acrescenta - melhor, acrescenta, si

janelas de galeano

a vida me conta histórias, me encanta a cada esquina, a cada rua me surpreendo. é contínuo: com as árvores com que me encontro, com as pessoas para as quais dirijo meu olhar. ando ao léu, às vezes indo para o ceu outras em direção ao inferno. a gente pensa. logo, sente angústia. e então é esse oscilar frequente, esse bioritmo, essa sensação sempre estranha - um périplo pela paixão e pela ausência dela. mas, a essência disso tudo repousa na promessa, na insinuação inominada de uma certeza de que tudo vai dar certo. do fundo do coração. o beijo é bom, o abraço é carinhoso, o corpo não é culpa, não é máquina, não é negócio. é só festa, como deve ser. e segue o baile. assim parecem ser as coisas. pelo menos parecem simples, pelo menos parecem doces, pelos menos assemelham-se àquela bondade infinita que queremos ter, de não pensar mal dos outros, de querer bem a todos, falar com todos, silenciar, ouvir, compartilhar. a noite ainda avança, melhor: recém começa. caem noites dentro da noite

leitura

nos últimos dias releio, sempre q posso, camillieri. a ficção deste italiano equivale a de outro "italiano" (pois nasceu em cuba) q muito me agrada: calvino. as descrições dos personagens, montalbano e agilulfo... (respectivamente), são encantatórias. se, por um lado, camillieri descreve-os na rotina de investigações policiais, gastronômicas e afetivas - cotidianas e banais, portanto, coisas q parecem não importar mais -, calvino me transporta para um mundo delírico, com algumas construções q atingem o plexo: "Livro, chegou a noite, comecei a escrever mais rápido, do rio não chega nada além do roncar distante da cascata, na janela voam mudos os morcegos, ladram alguns cães, ressoam vozes nos depósitos de feno. [...] É na direção da verdade que corremos, a pena e eu, a verdade que espero vir ao meu encontro, do fundo de uma página branca, e que poderei alcançar somente quando a golpes de pena conseguir sepultar todas as preguiças, as insatisfações, o fastio que vim aq

aqui, ó!

tem dias em q nada parece funcionar. e, na verdade, nesses dias as engrenagens silenciosas continuam engendrando os grandes planos da humanidade. a ânsia pelo novo movimenta a areia movediça sobre a qual nos encontramos: é só prestar atenção. sob o manto de silêncio q nos encoberta (apesar do ruídos dos automóveis e dos vizinhos do andar de cima; da paspalhice do sertanejo universitário e do tatibitati irritante dos corredores) é possível perceber q algo maior está sendo construído, antes q nos tornemos ausência. saber de ti é um dos motivos q fazem a roda girar. não saber de ti cria a sensação de um vácuo existencial em q não se encontra-se palavras para descrever. ainda q a distância faça bem e seja vital para q as pequenas e grandes coisas se acomodem, ela dá a real sensação de q somos dois e q, para ser um, é preciso muito mais do q apenas querer. movimento-me pelas calçadas úmidas pela neblina deste inverno q principia. as marcas do meu calçado se desvanecem rapidamente, m

sábado

ontem o dia foi muito especial. só eu e ela sabemos o quanto. poderia descrevê-lo, mas não teria o mesmo encanto. hoje, domingo, fica o rescaldo. talvez para compensar a semana, quando as intrigas cotidianas crescem como ervas daninhas na ramagem do chuchu. os dias especiais são diferentes dos dias brancos. nestes, a mente parece q paira em nuvens e esquece do corpo físico, q  continua. fosse o cloud cibernético, seria outra história, outra paranoia. mas não, é a nuvem de verdade, q forma figuras ímpares e ajuda a desopilar um pouco o ranço dos compromissos e das mentiras, quando a gente se dá o direito de contemplá-las. ontem foi um dia especial. ela e eu sabemos muito bem. novas afirmações, novas perspectivas, sem pressa, mas com extrema intensidade. por isso a tarde passou rápida -  speed racer em suas aventuras nas sessões da tarde. só q o final ainda não é feliz. talvez porque ainda não seja o final. tenho q me conformar, tenho q aliviar a dor q sinto e preencher

pois é!

nós, de novo. nós de marinheiro, nós suecos, nós de escoteiros, de bandeirantes, de tênis. nós cegos e nós. de novo. amarrados q estamos, sem conseguir desvencilharmo-nos. nós. no dia em q se lembra o meio ambiente, o nó da árvore, o ponto em q ela se decide se ramifica ou se fecha. nada é coincidência. não diga nada q não contribua para desamarrar o nó. não diga nada - esteja apenas, presente, quente, líquida. o nó de nós não deve nos nortear. o nó de nós deve nos nominar. ou não.

engano

oh, q país contraditório! e a poucos dias eu acreditava o contrário. país tão metido a humilde, a cordial, e, no entanto, cheio de sonhos de majestade. em cada cidade espalhada em diferentes topografias, reis e rainhas disputam coroas para representar o passado histórico da comunidade. além disso, como lembrava cecília meirelles, olhe-se a lista telefônica: inúmeras empresas (das menores às mais pretensiosas) se intitulam rei de alguma, rainha de outra. puxa. há um sentimento imperialista por tal de tanta despretensão q quase não dá pra acreditar... da mesma maneira, há q se cuidar ao circular pelas ruas e lugares da cidade. há sempre alguém de olho, arapongas inconscientes, agentes secretos q nunca ouviram falar de marlowe ou rick, verificando se há alguma falha no comportamento de outrem para não ficar em desvantagem no próximo encontro. "ah, eu te vi!" como assim, penso. "tu estava passando na frente da lancheria do...." "sim", confesso, co