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Mostrando postagens de novembro, 2013

sob chuva

'Não há paz. Seria fácil demais retomar o controle se não fosse esse contínuo gotejar, esse derramar contínuo de corpos amolecidos, esse infinito tiquetaquear. [...] E o círculo da minha resistência se despedaça com um ribombar do coração que carambola na gaiola das costelas. Eis o silêncio, mas é só fingimento, pois basta apertar as pálpebras e até os cílios fazem barulho outras vezes teria bastado recordar que também me faço de Poeta. Que a poesia me salvou mil vezes. Mas nem a Poesia pode servir na última noite do mundo. E talvez este penar, este deixar-se arrastar pela fonte gurturja (profunda) dessa aparência de sono se chame solidão. Não há paz. Mas se poderia compartilhar esse morrer no escuro e renascer na luz. Poderia com o testemunho de um respiro ao lado.' (Bustianú, personagem de Marcello Fois, em Sangue do Céu , Record, 2005).

tarde

um sorriso e os olhos verdes. - como não estremecer diante de olhos verdes?

folhas soltas

uma folha passa por mim serei assim                  para outras pessoas?

bukowski

Encurralado (Tradução: Pedro Gonzaga) bem, eles diziam que tudo terminaria assim: velho. o talento perdido. tateando às cegas em busca da palavra ouvindo os passos na escuridão, volto-me para olhar atrás de mim… ainda não, velho cão… logo em breve. agora eles se sentam falando sobre mim: “sim, acontece, ele já era… é triste…” “ele nunca teve muito, não é mesmo?” “bem, não, mas agora…” agora eles celebram minha derrocada em tavernas que há muito já não frequento. agora bebo sozinho junto a essa máquina que mal funciona enquanto as sombras assumem formas combato retirando-me lentamente agora minha antiga promessa definha definha agora acendendo novos cigarros servido mais bebidas tem sido um belo combate ainda é.